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O Exílio

| quinta-feira, 6 de agosto de 2009 | |

O suave espraiar das ondas debela lentamente as fundações do castelo. A areia que o fortifica esvai-se a cada espumoso abraço do oceano. Os aldeões, unem esforços coordenados para travar o assassino avançar da natureza. O que é preciso para salvar a fortaleza? Areia molhada. Onde a encontramos? Junto ao mar. Pois!
Dão tudo de si estes bravos operários do inevitável. A sua fé deteriora-se no minuto seguinte mal vêem o seu esforço ser ignorado pela bruteza do mar.
Aos poucos começam a desertar de si próprios: para quê? Questionam-se. O mar é sempre o mesmo e não vai mudar por nossa causa.
«Isto é um trabalho para Gulliver!» grita um. «Ah! Isso são histórias da carochinha, ninguém vai aparecer, nunca ninguém aparece, estamos sozinhos outra vez.»
Ordeiros, em pequenas filas, abandonam o castelo que finalmente se esvai na maré. Dizem adeus às armas e seguem por caminhos diferentes.
«Foi bom enquanto durou!» afirma um. «Achas mesmo?» dúvida outro mais céptico. Dúvidas, receios, interrogações; tudo sentimentos que povoam a multidão de exilados que se dispersa pelas dunas. É toda uma procissão de degredados que abandona a costa, mas, àquela distância ninguém nota.

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